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IPEN/CNEN é o único representante latino-americano em conferência sobre proteção do patrimônio em situação de crise

Especialistas de 11 países debatem os benefícios sinérgicos das redes solidárias de instituições culturais, com resultados mais eficazes e imediatos nos esforços de prevenção, resposta e recuperação da cultura, somando-se ao apoio dos serviços gerais de emergência já existentes.

O IPEN/CNEN é a única instituição latino-americana a participar da Conferência Internacional "Solidarity in Culture: Heritage protection under condition of crisis” (Solidariedade na cultura: Proteção do patrimônio em situação de crise, em tradução livre), a ser promovida nos dias 18, 19 e 20 de março, pela Biblioteca Nacional e Universitária de Zagreb, Croácia. O evento será on-line, e os interessados podem se inscrever gratuitamente nesse link, até o dia 15 de março.

Destinada principalmente a colecionadores, restauradores, museólogos, curadores, alunos, cientistas da restauração e afins, a Conferência reúne especialistas de 11 países. Representando o continente latino-americano, o pesquisador Pablo Vásquez, do Centro de Tecnologia das Radiações do IPEN, vai abordar o tema "Tendências e aplicações da radiação ionizante para preservação de bens culturais tangíveis”.

Vásquez é gerente é gerente de P&D do CETER/IPEN e o pesquisador responsável pelo Irradiador Multipropósito de cobalto-60 Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, onde é feita a desinfeção de bens culturais tangíveis e materiais arquivados utilizando a ionização gama, técnica que, segundo ele, "tem sido aceita com sucesso por várias instituições e pela comunidade de conservação e preservação do Brasil”. Obras de arte, acervos de museus, livros, documentos, instrumentos musicais, objetos etnográficos, achados arqueológicos e coleções de história natural tem sido descontaminados utilizando esta técnica "com êxito”.

O pesquisador explica que diversos estudos foram desenvolvidos principalmente para avaliar o comportamento de materiais celulósicos tratados por radiação ionizante nos intervalos de dose adequados para desinfeção. No entanto, observa Vásquez, muitos acervos brasileiros possuem objetos feitos com os mais diversos materiais plausíveis de biodeterioração.

"Para se obter uma efetiva descontaminação dos mais diversos tipos de objetos, foi necessário desenvolver protocolos visando o atendimento a instituições e indivíduos que possuem acervos culturais e históricos, e para o processamento efetivo por radiação ionizante nas instalações, respeitando os princípios éticos de conservação e restauração, abrangendo atividades desde a detecção do problema até a limpeza ou higienização final”, explica Vásquez.

Na Conferência, ele apresentará os resultados mais recentes do efeito da radiação ionizante na morfologia e propriedades físico-químicas de filmes fotográficos e cinematográficos, plumas e coleções botânicas (exsicata); bem como os protocolos desenvolvidos na forma de um guia prático para conservadores e profissionais do processamento por radiação para tratamento de objetos tangíveis.

"Também são apresentados resultados preliminares dos hidrogéis poliméricos reticulados nanoestruturados obtidos por radiação ionizante para limpeza de superfícies de obras de arte”, acrescenta o pesquisador. Ele faz questão de ressaltar o apoio da Agência Internacional de Eenergia Atômica (AIEA) na difusão dessa tecnologia, que tem contribuído para maior compreensão e aceitação dos benefícios da energia nuclear.

"Os projetos patrocinados pela AIEA têm ajudado a aumentar a aceitação da tecnologia nuclear pela sociedade brasileira, especialmente pela comunidade de restauradores, curadores e conservadores de bens materiais culturais. A pesquisa desenvolvida e disseminada com o apoio da AIEA contribui para o entendimento de que o patrimônio cultural é o legado de artefatos físicos e atributos intangíveis de um grupo ou sociedade que são herdados de gerações passadas, mantidos no presente e restaurados em benefício do futuro gerações”, concluiu.

O evento

A Croácia foi afetada por dois terremotos no ano passado, em Zagreb, em 22 de março (5,5 escala Richter), e Banija, em 29 de dezembro (6,2 escala Richter). Esses episódios levaram à destruição de monumentos e sítios históricos, ao mesmo tempo em que os profissionais da cultura e o público em geral se deparavam com a situação antes inimaginável de isolamento social causada pela pandemia da Covid-19.

Diante desses acontecimentos, surgiu a ideia da Conferência. "A preservação e proteção do patrimônio em condições de crise é um sistema de atividades, informações, recursos e participantes contínuos, integrados e em rede, cujo objetivo é garantir o uso eficiente de todos os recursos disponíveis para alcançar o mais alto nível possível de proteção do patrimônio e resiliência das instituições”, dizem os organizadores.

Com o objetivo de facilitar a compreensão e o diálogo sobre novas abordagens para a conservação integrada e gestão de risco com base na solidariedade e colaboração entre diversos parceiros que fornecem potencial para a construção de resiliência a desastres, a Conferência tem como foco principal das apresentações a cooperação intra e intersetorial, a partir de uma "abordagem integrada e amplamente concebida para a proteção e conservação do patrimônio e diferentes modelos de desenvolvimento de redes de solidariedade em nível nacional e internacional”.

Além do Brasil e da Croácia, participam representes da Itália, Nova Zelândia, Romênia, França, Suíça, França, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido.

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